domingo, 30 de julho de 2017

ANÁLISE DA VOZ (Felipe Duram, Fernando & Sorocaba - Dez Pras Seis)



Depois que assisti a entrevista de Fernando e Sorocaba no programa do Bial, fiquei curiosa para conhecer e ouvir as músicas e a voz dessa mais nova aposta do sertanejo, que a dupla gastou muito tempo falando e mostrando para o Brasil.

Corri para o youtube.com e assisti todos os vídeos existente  desse cantor. Pude entender o fascínio da dupla de cantores e empresários pelo Felipe Duram. A voz dele é realmente peculiar e única. Seu timbre é possuidor de nuances raras e belíssimas. Sua voz possui uma certa dose de drive que aparece de vez em quando, distorcendo um pouco o som de algumas vogais, mas no entanto, dá à sua voz, e ao seu fraseado muita beleza e muito encanto.

A tonalidade da música em análise favoreceu a valorização da voz e principalmente do timbre. Da para perceber que o timbre de Felipe Duram é lindo e  possui características que tornam sua voz magnifica. Há uma certa rouquidão que aveluda seu som, quando está dentro da extensão vocal de seu registro médio agudo, que é sua própria voz falada.

Seu fraseado e sua linha de canto -forma de produção dos fonemas e melodia na qual o cantor executa o texto da música. que geralmente mostra a peculiaridade e interpretação textual de cada cantor.- são próprios de sua intuição musical, e dão um toque especial em sua interpretação, tornando-a extremamente agradável aos ouvidos.

No entanto, quando ele sobe para cantar o refrão, comete o jurássico erro de impostação da voz, subindo-a para a laringe e seios nasais, onde seu som é completamente destruído, e sua voz adquiri uma característica esganiçada e estridente, típico do vício quase que unânime entre os cantores do sertanejo, que por não conhecerem sua voz e não possuírem técnica de canto, usam desse erro para alcançar notas mais agudas, e contraem a laringe, apertando a musculatura do pescoço, que de forma agressiva à garganta e à voz, produz através da força e contração da laringe, um som mais agudo de sua extensão vocal, só que sem beleza e completamente gritado.

Para corrigir esse erro que em breve lhe roubará até as notas mais agudas, Felipe Duram deveria entrar executando o refrão com a mesma voz linda que iniciou a primeira estrofe da música (Dez pras seis). Quando se produz um som através da força, que é quando se contrai a musculatura da laringe, mesmo que se esteja afinado, o ouvido consegue perceber a ausência de harmônicos, e dá ao ouvinte a sensação de que a voz do cantor está soando desafinada. Na realidade, não está desafinada a voz desse cantor, mas, soa como se estivesse, pois a falta de harmônicos dá ao ouvinte a sensação auditiva de que o timbre vocal não está pleno nem completo.

Além disso, produzir som por força causa danos às cordas vocais e ao longo do tempo diminui a extensão vocal do corpo. Pois, a contração se acumula nos músculos do pescoço, e aos poucos vai diminuindo o desempenho de produção vocal do corpo. Abrir bastante a boca, exagerando na produção dos fonemas, que é o que conhecemos como articulação, que por sua vez é completamente mandibular, ajuda a trazer de volta a impostação da voz para o peito, ou seja, para o osso do meio do peito, que vai da clavícula à boca do estômago, que é a região de ressonância mais confortável para uma boa emissão vocal, e também diminui o acúmulo de contração muscular na região da mandíbula inferior e favorece a articulação durante a execução do texto dentro de uma melodia vocal.

Felipe Duram não articula quase nada quando entra na sua região aguda e isso rouba-lhe toda a grandiosidade de sua voz e oculta toda a beleza de seu timbre,  se estivesse soando bem impostada, sua voz seria três vezes mais extensa e mais volumosa e com uma dinâmica vocal invejável e encantadora. Mas, isso também é super fácil e rápido para se corrigir com técnica do Bel'Canto.





sábado, 29 de julho de 2017

O PRAZER DE CANTAR

Minha mestra de canto, Norma Silvestre, não cansava de falar para eu manter o prazer de cantar. Ela dizia que o prazer de cantar faz com que você, o próprio cantor, tenha um gozo individual durante a produção de seu som vocal, enquanto se está cantando. "Não perca o prazer de cantar, se não você também não conhecerá sua voz!" era assim que ela falava.

Mas, a ansiedade de um cantor jovem, apressado e preocupado mais com a extensão vocal do que com a qualidade da voz, fazia-me ignorar o tempo todo essa frase. Meus objetivos estavam focados para um maior alcance vocal, tanto para o agudo quanto para o grave, e não me deixavam ver o conhecimento e verdade intrínsecos nessa frase.

No entanto, quando descobri-me transexual, perdi o prazer de cantar. Não havia mais em mim prazer pela minha voz. Não havia mais voz em mim. Produzir som tornou enfadonho para meu corpo. Meu corpo não produzia mais a energia necessária para que minha voz soasse com beleza e volume como era de costume. Minha voz tornou-se irritante para mim. Dava-me calafrios cantar. Fiquei com raiva de minha voz. Como poderia odiar o que mais amo em mim? O quê está acontecendo comigo?

Passaram-se anos, e isso permaneceu até que esqueci que cantava. Mas, o que mais me doía quando refletia sobre minha atual condição física, era lembrar da voz e da frase que Norma Silvestre falava-me sempre terminávamos de fazer minha aula de canto "Não perca o prazer de cantar, se não você também não conhecerá sua voz!".

Como eu posso ressuscitar o prazer de cantar em mim? Era a indagação que passava por meus pensamentos vinte e quatro horas por dia. Minha voz havia retornado, mas meu timbre estava sem brilho e sem beleza, completamente sem vida. Minha voz tornou-se estridente e esganiçada. Perdi o aveludado e a dinâmica do meu som. Tudo que era belo das nuances da minha voz desapareceu. Ficou somente um som sem beleza alguma, um som de apito.

Não conseguia mais treinar nem cantarolar. Somente minha voz falada permaneceu sendo usada por mim. Meu corpo só conseguia produzir energia para falar, pois nem para gritar ele produzia mais energia suficiente. Tive que abster-me de mim mesma para não sofrer mais do que já estava,  evitando assim, dar conhecimento ao meu cérebro do que estava acontecendo com meu corpo, e principalmente com minha voz.

O cérebro de um cantor erudito é treinado para observar e perceber seu corpo, isso quando o cantor faz parte da escola do Bel'Canto, e se eu deixasse isso acontecer, meu cérebro iria potencializar aquela sensação e produziria um trauma emocional, que por sua vez seria o cadeado indestrutível que trancaria definitivamente meu corpo para a produção da voz cantada. Então, evitei cantar enquanto meu prazer de cantar não retornava. Assim, evitei durante anos um trauma mais profundo, evitando levar meu corpo ao estresse na tentativa exaustiva e enfadonha de produzir som vocal com força e não com energia, que é como nós cantores do Bel'Canto produzimos som vocal.




segunda-feira, 3 de julho de 2017

A RESSONÂNCIA DA VOZ

Tudo que se ouve de um corpo quando está produzindo som vocal, não é voz, e sim, um efeito sonoro provocado pelo que conhecemos como ressonância vocal. É o processo pelo qual o corpo amplifica o som para fora de si. Então, podemos definir da seguinte maneira: A voz que chega até o ouvinte, ou que soa para fora do corpo, não é o som produzido pelas cordas vocais, mas sim, o som produzido por elas, amplificado e modificado (valorizado) pela ressonância física do corpo.

Todo cantor, ou qualquer pessoa que trabalhe sua voz de forma profissional, deve dominar e conhecer sua impostação, ou seja, seus amplificadores naturais do corpo, pelos quais sua voz é amplificada até os ouvintes. Esse processo de amplificação da voz é naturalmente físico e extremamente sensorial. Enquanto não se domina e conhece-se, toda a sensação de empostação correta e saudável da voz, não se experimenta a totalidade do som vocal que todo possui capacidade para produzir de forma grandiosa e bonita.

Dominar a sensação correta de uma impostação saudável e confortável, leva tempo e depende de um empenho de treinamento e experiências das sensação causadas e provocadas no processo de produção e amplificação do som da voz, e o cantor precisa ter paciência, até que perceba cem por cento de tudo que acontece no seu corpo, quando se está produzindo som. Essa percepção dá ao cantor e à pessoa que está trabalhando sua voz, a capacidade que lhe permite perceber e sentir tudo o que seu corpo sente, quando o processo de empostação está sendo utilizado para a produção de um som bonito e confortável.

Saber onde o som está vibrando, é perceber por qual região de resssonância seu corpo está amplificando e jogando o som até o ouvinte. e assim, poder dominar e controlar essa mesma sensação de empostação, transferindo toda a sensação de produção sonora da mesma para toda a extensão vocal do corpo em trabalho. Evidentemente, não é uma tarefa fácil manter uma determinada sensação de empostação vocal, principalmente quando se vai para os limites grave e agudo, onde torna-se mais difícil mantê-la. No entanto, quando se consegue reproduzir a mesma sensação de uma boa impostação, e transferí-la para outras notas, mais bonito o som da voz irá tornar-se, e evidetemente, mais saudável e confortável também.

Por exemplo: Quando usa-se o torax, principalmente o osso do peito chamado externo, uma vibração óssea provocada pelo som da voz, é percebida e produzida, e é essa sensação de vibração óssea que deve ser mantida em todas as notas que compõem a chamada extensão vocal, que são os limites para o grave e agudo. Nesse processo tornar-se fundamental o uso do diafragma para dá sustentabilidade à todos os sons produzidos pelo cantor.

A articulação também é de grandiosíssima importância para que a voz permaneça sendo amplificada pela mesma região de impostação, fazendo com que todos os harmônicos que compôem a estrutura do som vocal, sejam valorizados e enriquecidos pelo processo de amplificação da voz, ou seja, a empostação correta, obtida através do uso dos ossos e cartilagens, assim também, como as cavidades ósseas que fazem parte da estrutura fisiológica de todo o aparelhop vocal, no caso em trabalho, o corpo inteiro. Percebendo-se a vibração do som da voz, encontra-se a regiâo de ressonância, e então, pode-se saber manipular e usar todo o corpo como um amplificador natural e super eficaz da voz.


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A criação é possível através da imaginação, depois, tudo tornar-se energia e ciência.