domingo, 6 de agosto de 2017

ANÁLISE DA VOZ (Maiara & Maraisa-Medo Bobo)

Preferi pegar um video ao vivo para analisar a voz das duas. Como não sei, e é impossível saber quem é quem, porque as duas são praticamente iguais, analisarei como primeira e segunda voz.

A beleza da voz da cantora que faz a primeira voz nessa música é inegável. Ela tem um timbre que soa como se fosse grave, mas a facilidade e a beleza do som grave de sua voz, mostra que sua extensão vocal é enorme e desconhecida para a cantora. Mas, quando ela entrar no refrão, sua voz é coberta pela belíssima voz da que faz a segunda voz, que surge como uma passarinho fazendo lindas melodias e linhas de canto que roubam toda a cena, e faz com que a cantora da primeira voz fique alunada.

A respiração da cantora da primeira está muito ruim, e mostra todo o seu cansaço físico através de seu som, que ficou cansado e opaco, sem brilho e sem harmônicos. Mas mesmo assim, a beleza do timbre da que a primeira voz é tão grandiosa, que mesmo com tudo isso, soa lindamente. O preparo físico para manter-se uma boa respiração, que é fundamental para um cantor de vida ativa, que consiga produzir bons sons e não perca texto quando estiver cantando.

O corpo precisa estar bem preparado fisicamente para produzir energia durante a produção da voz, principalmente quando se produz som vocal movimentando-se sobre o palco, pois o gasto e quantidade de energia utilizada durante esse processo, tende a ser enorme e desgastante para o mesmo. Ter uma boa respiração durante a voz cantada é fundamental para a beleza e saúde da voz. Uma boa respiração é sempre diafragmática, ou se é mais fácil de perceber, abdominal.

Percebo que a maioria desses novos cantores tem alguma consciência da respiração diafragmática. Pois a energia com a qual eles produzem som, mostra que o volume é característico de quem usa o apoio diafragmático. No entanto, a respiração diafragmática para a voz cantada tem dois momentos, o momento de tensão quando se está apoiando a produção da voz, e momento de relaxamento quando se está respirando ou descansando de um término de uma frase. Esse  relaxamento do músculo do diafragma ou da musculatura do abdomen, para poder se iniciar novamente  uma nova tensão para produção nova produção sonora.

Quando o cantor não consegue relaxar o diafragma e a musculatura do abdomen com perfeição, a contração da força feita para a produção da voz se acumula e vai aos poucos roubando o conforto durante a produção da voz cantada, até esganiçar o som, começando o processo de agressão às cordas vocais e logo o deixaram afônico, ou com algum grau de rouquidão. Além de deixar a região da laringe dolorida e irritada, começando assim, o desencadeamento de outros problemas vocais que dificultarão muito a produção da voz e funcionamento do aparelho vocal.

Uma forma de o cantor conseguir controlar bem o tensionamento e o relaxamento do diafragma para que consiga produzir bons e bonitos sons, é observar a região abdominal durante a produção da voz. Analisar com cuidado tudo que se sente nessa região durante a utilização da mesma, até que seu cérebro tenha controle de tudo o que acontece. Isso pareceu-me bem evidente na voz da cantora que faz a primeira voz. Sem falar, que quando ela vai para a região mais aguda, esganiça o som e perde toda a beleza de sua voz e o conforto de produção da mesma.

Exige-se muito da primeira voz, e dá-se muito pouco espaço para a segunda voz aparecer, o que parece ter se tornado mania no sertanejo, quando deveria se explorar muito mais dos cantores fazem a segunda voz, ou como é correto falar, de uma terça voz . No entanto, a voz da que faz a segunda voz consegue produzir uma linha de canto belíssima como terça, e camufla a perda da beleza sonora da voz da primeira. Esse problema tenho visto em quase todas as duplas e cantores solos do sertanejo. Essa cantora que a segunda voz tenha uma musicalidade e intuição musical excepcionais, que fazem com que consiga produzir linhas de canto, cantando como terça vocal, tão belas que não necessitam de volume.




domingo, 30 de julho de 2017

ANÁLISE DA VOZ (Felipe Duram, Fernando & Sorocaba - Dez Pras Seis)



Depois que assisti a entrevista de Fernando e Sorocaba no programa do Bial, fiquei curiosa para conhecer e ouvir as músicas e a voz dessa mais nova aposta do sertanejo, que a dupla gastou muito tempo falando e mostrando para o Brasil.

Corri para o youtube.com e assisti todos os vídeos existente  desse cantor. Pude entender o fascínio da dupla de cantores e empresários pelo Felipe Duram. A voz dele é realmente peculiar e única. Seu timbre é possuidor de nuances raras e belíssimas. Sua voz possui uma certa dose de drive que aparece de vez em quando, distorcendo um pouco o som de algumas vogais, mas no entanto, dá à sua voz, e ao seu fraseado muita beleza e muito encanto.

A tonalidade da música em análise favoreceu a valorização da voz e principalmente do timbre. Da para perceber que o timbre de Felipe Duram é lindo e  possui características que tornam sua voz magnifica. Há uma certa rouquidão que aveluda seu som, quando está dentro da extensão vocal de seu registro médio agudo, que é sua própria voz falada.

Seu fraseado e sua linha de canto -forma de produção dos fonemas e melodia na qual o cantor executa o texto da música. que geralmente mostra a peculiaridade e interpretação textual de cada cantor.- são próprios de sua intuição musical, e dão um toque especial em sua interpretação, tornando-a extremamente agradável aos ouvidos.

No entanto, quando ele sobe para cantar o refrão, comete o jurássico erro de impostação da voz, subindo-a para a laringe e seios nasais, onde seu som é completamente destruído, e sua voz adquiri uma característica esganiçada e estridente, típico do vício quase que unânime entre os cantores do sertanejo, que por não conhecerem sua voz e não possuírem técnica de canto, usam desse erro para alcançar notas mais agudas, e contraem a laringe, apertando a musculatura do pescoço, que de forma agressiva à garganta e à voz, produz através da força e contração da laringe, um som mais agudo de sua extensão vocal, só que sem beleza e completamente gritado.

Para corrigir esse erro que em breve lhe roubará até as notas mais agudas, Felipe Duram deveria entrar executando o refrão com a mesma voz linda que iniciou a primeira estrofe da música (Dez pras seis). Quando se produz um som através da força, que é quando se contrai a musculatura da laringe, mesmo que se esteja afinado, o ouvido consegue perceber a ausência de harmônicos, e dá ao ouvinte a sensação de que a voz do cantor está soando desafinada. Na realidade, não está desafinada a voz desse cantor, mas, soa como se estivesse, pois a falta de harmônicos dá ao ouvinte a sensação auditiva de que o timbre vocal não está pleno nem completo.

Além disso, produzir som por força causa danos às cordas vocais e ao longo do tempo diminui a extensão vocal do corpo. Pois, a contração se acumula nos músculos do pescoço, e aos poucos vai diminuindo o desempenho de produção vocal do corpo. Abrir bastante a boca, exagerando na produção dos fonemas, que é o que conhecemos como articulação, que por sua vez é completamente mandibular, ajuda a trazer de volta a impostação da voz para o peito, ou seja, para o osso do meio do peito, que vai da clavícula à boca do estômago, que é a região de ressonância mais confortável para uma boa emissão vocal, e também diminui o acúmulo de contração muscular na região da mandíbula inferior e favorece a articulação durante a execução do texto dentro de uma melodia vocal.

Felipe Duram não articula quase nada quando entra na sua região aguda e isso rouba-lhe toda a grandiosidade de sua voz e oculta toda a beleza de seu timbre,  se estivesse soando bem impostada, sua voz seria três vezes mais extensa e mais volumosa e com uma dinâmica vocal invejável e encantadora. Mas, isso também é super fácil e rápido para se corrigir com técnica do Bel'Canto.





sábado, 29 de julho de 2017

O PRAZER DE CANTAR

Minha mestra de canto, Norma Silvestre, não cansava de falar para eu manter o prazer de cantar. Ela dizia que o prazer de cantar faz com que você, o próprio cantor, tenha um gozo individual durante a produção de seu som vocal, enquanto se está cantando. "Não perca o prazer de cantar, se não você também não conhecerá sua voz!" era assim que ela falava.

Mas, a ansiedade de um cantor jovem, apressado e preocupado mais com a extensão vocal do que com a qualidade da voz, fazia-me ignorar o tempo todo essa frase. Meus objetivos estavam focados para um maior alcance vocal, tanto para o agudo quanto para o grave, e não me deixavam ver o conhecimento e verdade intrínsecos nessa frase.

No entanto, quando descobri-me transexual, perdi o prazer de cantar. Não havia mais em mim prazer pela minha voz. Não havia mais voz em mim. Produzir som tornou enfadonho para meu corpo. Meu corpo não produzia mais a energia necessária para que minha voz soasse com beleza e volume como era de costume. Minha voz tornou-se irritante para mim. Dava-me calafrios cantar. Fiquei com raiva de minha voz. Como poderia odiar o que mais amo em mim? O quê está acontecendo comigo?

Passaram-se anos, e isso permaneceu até que esqueci que cantava. Mas, o que mais me doía quando refletia sobre minha atual condição física, era lembrar da voz e da frase que Norma Silvestre falava-me sempre terminávamos de fazer minha aula de canto "Não perca o prazer de cantar, se não você também não conhecerá sua voz!".

Como eu posso ressuscitar o prazer de cantar em mim? Era a indagação que passava por meus pensamentos vinte e quatro horas por dia. Minha voz havia retornado, mas meu timbre estava sem brilho e sem beleza, completamente sem vida. Minha voz tornou-se estridente e esganiçada. Perdi o aveludado e a dinâmica do meu som. Tudo que era belo das nuances da minha voz desapareceu. Ficou somente um som sem beleza alguma, um som de apito.

Não conseguia mais treinar nem cantarolar. Somente minha voz falada permaneceu sendo usada por mim. Meu corpo só conseguia produzir energia para falar, pois nem para gritar ele produzia mais energia suficiente. Tive que abster-me de mim mesma para não sofrer mais do que já estava,  evitando assim, dar conhecimento ao meu cérebro do que estava acontecendo com meu corpo, e principalmente com minha voz.

O cérebro de um cantor erudito é treinado para observar e perceber seu corpo, isso quando o cantor faz parte da escola do Bel'Canto, e se eu deixasse isso acontecer, meu cérebro iria potencializar aquela sensação e produziria um trauma emocional, que por sua vez seria o cadeado indestrutível que trancaria definitivamente meu corpo para a produção da voz cantada. Então, evitei cantar enquanto meu prazer de cantar não retornava. Assim, evitei durante anos um trauma mais profundo, evitando levar meu corpo ao estresse na tentativa exaustiva e enfadonha de produzir som vocal com força e não com energia, que é como nós cantores do Bel'Canto produzimos som vocal.




segunda-feira, 3 de julho de 2017

A RESSONÂNCIA DA VOZ

Tudo que se ouve de um corpo quando está produzindo som vocal, não é voz, e sim, um efeito sonoro provocado pelo que conhecemos como ressonância vocal. É o processo pelo qual o corpo amplifica o som para fora de si. Então, podemos definir da seguinte maneira: A voz que chega até o ouvinte, ou que soa para fora do corpo, não é o som produzido pelas cordas vocais, mas sim, o som produzido por elas, amplificado e modificado (valorizado) pela ressonância física do corpo.

Todo cantor, ou qualquer pessoa que trabalhe sua voz de forma profissional, deve dominar e conhecer sua impostação, ou seja, seus amplificadores naturais do corpo, pelos quais sua voz é amplificada até os ouvintes. Esse processo de amplificação da voz é naturalmente físico e extremamente sensorial. Enquanto não se domina e conhece-se, toda a sensação de empostação correta e saudável da voz, não se experimenta a totalidade do som vocal que todo possui capacidade para produzir de forma grandiosa e bonita.

Dominar a sensação correta de uma impostação saudável e confortável, leva tempo e depende de um empenho de treinamento e experiências das sensação causadas e provocadas no processo de produção e amplificação do som da voz, e o cantor precisa ter paciência, até que perceba cem por cento de tudo que acontece no seu corpo, quando se está produzindo som. Essa percepção dá ao cantor e à pessoa que está trabalhando sua voz, a capacidade que lhe permite perceber e sentir tudo o que seu corpo sente, quando o processo de empostação está sendo utilizado para a produção de um som bonito e confortável.

Saber onde o som está vibrando, é perceber por qual região de resssonância seu corpo está amplificando e jogando o som até o ouvinte. e assim, poder dominar e controlar essa mesma sensação de empostação, transferindo toda a sensação de produção sonora da mesma para toda a extensão vocal do corpo em trabalho. Evidentemente, não é uma tarefa fácil manter uma determinada sensação de empostação vocal, principalmente quando se vai para os limites grave e agudo, onde torna-se mais difícil mantê-la. No entanto, quando se consegue reproduzir a mesma sensação de uma boa impostação, e transferí-la para outras notas, mais bonito o som da voz irá tornar-se, e evidetemente, mais saudável e confortável também.

Por exemplo: Quando usa-se o torax, principalmente o osso do peito chamado externo, uma vibração óssea provocada pelo som da voz, é percebida e produzida, e é essa sensação de vibração óssea que deve ser mantida em todas as notas que compõem a chamada extensão vocal, que são os limites para o grave e agudo. Nesse processo tornar-se fundamental o uso do diafragma para dá sustentabilidade à todos os sons produzidos pelo cantor.

A articulação também é de grandiosíssima importância para que a voz permaneça sendo amplificada pela mesma região de impostação, fazendo com que todos os harmônicos que compôem a estrutura do som vocal, sejam valorizados e enriquecidos pelo processo de amplificação da voz, ou seja, a empostação correta, obtida através do uso dos ossos e cartilagens, assim também, como as cavidades ósseas que fazem parte da estrutura fisiológica de todo o aparelhop vocal, no caso em trabalho, o corpo inteiro. Percebendo-se a vibração do som da voz, encontra-se a regiâo de ressonância, e então, pode-se saber manipular e usar todo o corpo como um amplificador natural e super eficaz da voz.


sábado, 22 de abril de 2017

A ESPIRITUALIDADE DA VOZ

Técnica e cientificamente não existe espiritualidade na produção da voz humana. Mas, quando comecei a receber em minha sala de aula muitos alunos evangélicos, tive que mudar minha didática para conseguir ajudá-los da melhor forma possível pois é isso que tenho que fazer como professora de canto que trabalha com a técnica do Bel'Canto, ajudar qualquer aluno, e fazer com que qualquer corpo se torne um instrumento musical perfeito.

Não dou importância ao estilo do aluno, mas tento da maneira mais eficaz possível, fazer com ele consiga cantar e usufruir de toda a capacidade de produção sonora de seu corpo, dentro do seu estilo preferido. Não há técnica de canto para canto popular ou canto erudito. A técnica de canto não pertence à algum estilo, mas ela pode ser trabalhada para qualquer estilo que se queira produzir som. A técnica sempre será a mesma, o que vai mudar são os registros vocais usados para se produzir o som necessário para se cantar qualquer estilo musical.

Então, quando esses alunos evangélicos começaram a chegar aos montes para fazer aula comigo, me vi perdida pois vi que só a técnica não estava resolvendo nem ajudando-os. Durante uns seis meses procurei solucionar seus problemas vocais somente usando o Bel'Canto e a Técnica Alexander, mas não funcionou. Não desesperei-me pois sempre acho uma solução. Mas confesso que fiquei apreensiva. E comecei a meditar sobre a voz e o corpo dos meus alunos. procurei encontrar soluções de todas formas.

Um belo dia, enquanto ouvia áudios com a voz de alguns alunos, os que mais estavam com dificuldades, me veio uma ideia louca à cabeça. Eles não eram alunos de canto erudito nem de canto popular, eles eram cantores que cantavam para o louvor de Deus, e suas vozes estavam sem espiritualidade, pois sendo eles todos evangélicos, o maior universo de suas vozes, estava em seus próprios espíritos.

Imediatamente comecei uma pesquisa dentro da Bíblia para encontrar informações escatológicas que me fizessem entender e discernir melhor o que eles precisavam para louvarem a Deus com conhecimento e discernimento do estavam fazendo. O que eles buscavam e precisavam não era só técnica. Mas sim, despertar a espiritualidade de suas vozes. Eles desejavam ter unção, ou seja, poder que emanasse de vozes quando cantassem. Mas, para que esse poder, a unção, fluísse de suas vozes, era necessário despertar seus espíritos, que mesmo sendo religiosos, estavam mortos.

Comecei então a levá-los aterem conhecimento e discernimento de seus próprios espíritos, coisa que nunca havia se quer passado pela minha cabeça que seria possível. Eles entenderam perfeitamente o que deveriam fazer, e entraram junto comigo na busca pela espiritualidade de suas vozes. Com menos de dois meses, todos eles comeram a arrepiar dentro de sala de aula, pois começaram a sentir um poder fluindo de seus espíritos dando mais energia ao seus corpos para produzirem mais som e com uma beleza divina.

A primeira coisa que fiz, foi eliminar toda e qualquer influência sonora, ou seja, imitações de vozes de outros cantores pois os evangélicos e os sertanejos, são os que mais estão distantes de suas próprias vozes, pois não conhecem as nuances de suas próprias vozes, pois também não conhecem seus corpos, e pensam na voz como algo externo e fora da realidade corporal. Por isso, nunca conseguem fazer fluir sua energia espiritual através de suas vozes. Mas, quando eles entenderam que não era a voz nem o corpo, mas sim, o espírito que deveria produzir, no caso deles especificamente, o som para louvarem a Deus, eles entenderam que suas vozes nasciam primeiro em seu espírito, que enviava a ideia do som e a energia necessária para que o corpo produzisse com perfeição o som vocal,  e então, a unção, o poder, fluía de suas vozes como energia elétrica pois estavam emanando a personalidade da voz à partir das realidades espirituais de cada um.

Foi um trabalho lindo que ainda escreverei mais a respeito. Aguardem os próximos posts sobre esse assunto!


segunda-feira, 17 de abril de 2017

O FALSETE

Não acreditem na MC Melody que diz cantar com falsete. Criança não tem falsete, tanto faz ser menino ou menina, são todos sopranos. Mulher não tem falsete. Pois, tudo que produz o corpo de uma mulher de som é registro puro. Homens com dualidade vocal como os barítonos que nascem com o registro de contra tenor, também não possuem falsete, mesmo quando ultrapassam os limites de sua extensão vocal, continuam produzindo um registro vocal e não falsete, mesmo que esse som se assemelhe ao som de um falsete (Agudo e sem dinâmica (poder de aumentar e diminuir o volume do som da voz)).

Um caso raro de dualidade vocal, e também de ausência do falsete, acontece numa exceção de uma regra, quando a dualidade vocal aparece num registro de tenor, que já é raro só por ser o registro mais agudo masculino, e permite a esse tenor, possuir um registro tão raro, que só aparece entre um a cada um bilhão de homens, chamado registro de sopranista. Este registro ultrapassa em quase duas oitava o registro de um soprano feminino, tamanha a capacidade de extensão vocal que esse registro de sopranista possui, e ele também não possui falsete.

O falsete é uma capacidade de produzir um som semelhante ao de uma flauta, com um pouco mais harmônicos brilhantes e metálicos, o que o faz soar mais agudo e brilhante, mas não possui capacidade de domínio do volume do som, e que é produzido por cordas vocais falsas, que são na realidades dois músculos que se assemelham às cordas vocais verdadeiras, que quando tensionadas, conseguem produzir um som extremamente agudo.

O cuidado no uso do falsete é para não se contrair demais  esses músculos pois irritam muito rápido e facilmente. O cantor deve procurar deixar a região superior da laringe, mas gosto de dizer que a região embaixo da língua, pois a sensação de produção do falsete é de contração nessa região, e que deve ser eliminada para uma maior naturalidade no uso do falsete.

O som do falsete é extremamente estridente, mas que com uma boa mudança na impostação desse som, para a região do céu da boca e seios nasais, e não na laringe como costuma-se impostar esse som, ele adquirirá um som mais redondo e volumoso, podendo o cantor explorar então, regiões mais agudas da extensão do falsete.

Outro cuidado que deve-se tomar, é com a articulação quando se estar cantando com o falsete para não se prejudicar a articulação e a dicção do texto, prejudicando assim não só a emissão do falsete como também a compreensão textual por parte do ouvinte. Outro cuidado que deve-se tomar é com o volume dele, pois sendo um falsete um som vocal falso, é quase que um vício não se ter volume e preocupar-se mais com as notas agudas com que com a beleza do som.

Homens com o registro de baixo sempre possuirão o falsete, e barítonos que não possuam a dualidade vocal também sempre possuirão o falsete, como também tenores sem a dualidade vocal sempre terão o falsete. Como o assunto é extenso, escreverei mais a respeito depois em outros textos pois acho que serão necessários uns quatro.









quinta-feira, 6 de abril de 2017

A TRANSSEXUALIDADE DA VOZ

Minha voz sumiu durante um ano quando me descobri transsexual. Fiquei enlouquecida. Imagina o que é para um cantor lírico que estudou durante uns dezesseis anos de sua vida técnica vocal,  perder a voz? Não me matei porque sou narcisista demais  para ter coragem pra fazer isso comigo. Mas entrei em frenesi procurando como resolver meu problema vocal. Apelei primeiro todo tipo de técnica, até mesmo as que não originavam do Bel'Canto, numa tentativa desesperada para recuperar minha voz.

Quando a técnica falou, eu apelei para a macumba mesmo. Fiquei doida de vez porque já estavam se fazendo seis meses que eu não conseguia cantar um único chiado sequer. Quando tentava cantar, minhas cordas vocais doíam tanto, que parecia que estavam arrebentando e alguém estava passando pimenta nelas.

Me isolei de todo mundo durante um ano, não queria que ninguém soubesse que eu estava sem voz, dentro de sala, evitava cantar, e comecei a desenvolver melhor minha comunicação com meus alunos para que não houvesse nenhuma necessidade de eu ter que cantar para demonstrar a produção de qualquer som cantado que fosse.

Fiquei um ano ficando dentro de casa quase todos os dias, pois sempre saio e bebo, adoro cantar para as pessoas, quando elas querem ouvir, claro. E como eu iria cantar sem voz? Por sorte, ainda possuía minha voz falada, e podia falar com meus amigos e alunos. Até que dia resolvi procurar alguém da umbanda para ver se conseguia alguma informação, ou mesmo algum trabalho que pudesse me ajudar a recuperar minha voz cantada.

Assim que chegamos no local onde uma amigo estava levando-me para conversar com uma mulher, que segundo ele, era uma grande mãe de santo, fomos surpreendidos por ela logo no portão, convidando-nos para irmos em outro local porque quem queria falar comigo não era ela, e sim uma entidade, que havia lhe dito para que levasse-me imediatamente para sua casa. Ela parecia-me assustada e pálida com aquela situação.

Eu olhei para meu amigo e apertei sua mão, na época, eu ainda não havia assumido minha espiritualidade, então, não conseguia discernir muita coisa, e também evitava para não me colocar novamente naquele redemoinho de manifestações metafísicas que tinha vivido durante muito tempo desde de criança, e que a muito custo, tinha conseguido me isolar delas, e podido estudar para seguir minha carreira de cantor erudito, na época. Ele simplesmente disse-me para que ficasse tranquila pois a mulher era poderosa espiritualmente.

Quando adentramos na casa da entidade, eu pude sentir que uma energia muito estranha estava ali, ela já pegou-me e rodou-me já abençoando-me como mulher, e dizendo que não tivesse medo porque minha voz iria voltar assim que a mulher em mim se revelasse por completa. Disse-me também que como homem eu nunca cantaria e soltaria a voz que possuo, mas que como mulher eu cantaria com um som monstruoso. E que eu me tornaria mais mulher a cada dia, e que isso iria doer, mas iria transformar a mim e a minha voz.

Ela não me conhecia nem meu amigo passou qualquer informação a ela sobre minha situação. Ele é muito mais desconfiado do que eu. Por isso, dentro de mim, eu sabia exatamente o que significava aquelas palavras. Toda uma personalidade estava morrendo, e com ela sua voz, e outra estava nascendo e com ela estava vindo sua própria voz. De alguma forma aquelas palavras trouxeram alívio ao meu coração. Voltamos para casa felizes por aquilo, e olha que nunca imaginei ir num terreiro para saber alguma coisa sobre minha voz.

A partir dali, eu passei a descansar de mim mesma e de minha voz, e desisti de minha carreira de cantor e parei também de cantar, perdi o encanto e prazer pelo meu canto, e dediquei somente ao ensino da técnica, o que acabou me ajudando a aprofundar-me bastante no conhecimento e domínio da Técnica Alexander e Bel'Canto. Vi o horizonte enorme que estava abrindo-se para mim como professora de canto, e o abracei seu medo ou remorso, por ter aberto mão do sonho que fez me sair das entranhas da mata amazônica.

sábado, 1 de abril de 2017

VOZ DE PEITO OU VOZ DE CABEÇA?

Nenhuma das duas existe. Isso é um conceito errôneo e falso. O que há de verdade, é ressonância de peito e ressonância de cabeça. Essa classificação que muito se ouve falar da voz, é fruto do fato de ela não vir de uma escola de canto, como é o caso do Bel'Canto, que permiti ao cantor experimentar toda a totalidade de sua voz através de regiões de ressonância, ósseas, cartilaginosas e cranianas, o que não classifica a voz como dali ou daqui, mas sim como um funcionamento perfeito do corpo, amplificando o som da voz através de caixas ressonadoras naturais do mesmo, e esse efeito é a  ressonância sonora da voz, o processo pelo qual o cantor faz sua voz soar até o ouvinte.

A ideia de que existe !voz de cabeça e voz de peito", faz com que tenhamos a impressão de que existe duas vozes, o que não é verdade. Aliás, um dos objetivos buscado no treinamento do corpo para o canto, e que também o Bel'Canto se propões a fazer e faz, é eliminar as quebras vocais (falhas que existem entre um registro e outro, ou entre as regiões de passagens  dos registros, ou também, nas regiões de passagens da região médio aguda da voz para a região aguda.), é uma pequena falha no som quase que imperceptível, mas que para nós do Bel"Canto, significa que o cantor não conhece sua personalidade vocal e também não tem noção nenhuma da sensação física de produção da sua voz.

Não perceber a sensação física de produção da voz significa desconhecer sua própria personalidade vocal, o que indica que a atual voz que está sendo produzida pelo cantor é falsa, e com certeza sua impostação vocal está errada, e que talvez o som vocal que esteja soando seja apenas uma imaginação sonora (uma referência de som e melodia que não coadunam com a personalidade vocal verdadeira do cantor), uma cópia de outra voz, de outro cantor ou cantora, e que está distante da realidade fisiológica do próprio corpo, e que por sua vez, impede que o cantor goze de uma produção vocal confortável e bela.

A ressonância de cabeça, erroneamente chamada e conhecida de "voz de cabeça", é quando o som vibra nos ressonadores superiores, ou seja, nas cavidades cranianas, pequenas conchas acústicas existentes nos ossos do crânio, e que são os melhores ressonadores, amplificadores naturais do corpo, e que fazem uma enorme diferença no som vocal quando usados. Mas, seu uso não é tão simples de se alcançar, pois para o som vocal vibrar neles, é necessário que o corpo esteja funcionando perfeitamente, e que sua postura seja perfeita, o que pode ser alcançado com a técnica Alexander, que é a que corrigirá todo e qualquer problema de postura, os piores inimigos de um belo som.

A ressonância de peito, vulgarmente conhecida como "voz de peito", é quando o som vocal é amplificado pelo osso do peito, principalmente o externo, o osso do meio do peito, que por sua vez, é a mais potente caixa de amplificação da voz, e a única que pode valorizar e amplificar notas tão graves, que permitem a ressonância e amplificação de harmônicos sonoros da voz, que facilitarão a produção de notas agudas, que a medida que o cantor alcançar notas cada vez mais graves, mais ele produzirá notas agudas com muita facilidade e sem sofrimento, porque esses harmônicos produzirão sensações físicas de ressonância no momento da produção vocal, que facilitarão a impostação de notas agudas nessa mesma região de ressonância, permitindo ao cantor explorar sem agredir seu aparelho, a totalidade de sua extensão vocal.

Essas duas regiões de ressonância devem ser unidas durante a produção da voz, ou seja, não deve haver quebra no som da voz, as famosas falhas, que acontecem quando o cantor não domina a técnica da impostação vocal, pois o domínio dela dá ao cantor a capacidade de sair de uma região de ressonância para outra, no caso aqui tratado, seio frontal e osso externo do peito, sem deixar a voz quebrar, sem deixar a voz falhar quando mudar de ressonador. Isso só é possível desenvolvendo-se a percepção por parte do lado analítico do cérebro, da sensação que acontece no corpo do cantor, quando ele mudar de região de ressonância, isso também é uma mudança na impostação da voz, técnica usada para se conseguir diferentes nuances no timbre e som da voz.

Todo bom cantor que se preze, vela por uma mudança de impostação sem quebra nenhuma na voz. Pois não só é feio esteticamente como também é indicação de que ele não possui técnica ou foi mal treinado. Pois quando o cantor consegue dominar e conhecer seu corpo, principalmente durante a produção da voz, obviamente conduzirá bem o funcionamento do seu corpo quando for movimentar-se para mudar a impostação da voz, ou seja, mudar sua região de ressonância, fazendo com que a voz passe de uma para outra sem mudar seu som ou característica no seu timbre. Mas, quando se consegue fazer e não fazer algo com o corpo para produzir a voz, tem-se técnica, e isso lhe dá poder para quebrar ou não a voz, nasalizar ou não a voz, isso é canto.

quinta-feira, 30 de março de 2017

AULA DE CANTO POR WHATSAPP?

Sim. Isso mesmo. Testei durante um ano com dez alunos que selecionei a partir de contato feito através do meu blog, onde disponibilizei meu whatsapp, para que leitores que entrassem em contato comigo por esse aplicativo, pudessem ser auxiliados por mim via áudio e escrita, na tentativa de ajudar-lhes com o desenvolvimento de suas vozes de cantores. Dos dez, somente quatro mostraram-se dignos depois de quatro meses, a um novo contato de minha parte, para continuarmos o trabalho, agora com mais minuciosidade.

Os resultados apareceram quase que instantaneamente, mesmo todas as dicas tendo sido passadas por áudio, esses quatro alunos conseguiram transformar todas as informações sonoras em sensações físicas, tornando possível experimentarem uma boa produção sonora somente ouvindo meus áudios e treinando cada um em seu próprio estado. Seis meses depois, eles já estavam com vozes completamente diferentes e com uma satisfação enorme com suas novas vozes.

Escolhi alunos com dificuldades bem diferentes e complicadas de resolver, já havia treinado cantores com esse tipo de problema vocal, mas nunca por whatsapp e sem estar perto para analisar o funcionamento corporal de cada um. Escolhi alunos de estilos bem variados pois gosto de  desafios e experiências novas. Eles também por sua vez, foram empenhados e até mesmo humildes pois mesmo por áudio também sou as vezes incisiva e rígida.

Selecionei uma menina com infantilidade e muita soprosidade vocal, um outro rapaz com um timbre raro com um drive lindíssimo, um outro rapaz com muita nasalidade e bruxismo, e um outro cantor de sertanejo, pois adoro as novas músicas desse estilo. Com apenas oito meses, eles já estavam me mandando áudios que até hoje ouço quando quero ouvir uma música boa cantada por uma linda voz. Claro, eles ainda estão muito inseguros, mas já descobriram que possuem vozes poderosas.

Claro que estou falando mais especificamente da voz e não do corpo, pois por áudio fica difícil analisar o corpo a partir do som emitido pelo mesmo, pois é assim que analiso para treiná-los. Então, começarei a fazer vídeos mostrando os exercícios físicos que os ajudaram a desenvolver melhor seus corpos, e a gozarem de uma produção sonora mais confortável e saudável.

Completamente ciente da eficiência da técnica, mesmo sendo passada de forma auditiva, mostrou-se eficaz da mesma forma que sempre vi ser dentro de sala de aula. Por isso, somente agora decidi escrever sobre essa experiência e divulgar essa nova forma de aula por whatsapp.

Tenho usado principalmente o som da voz de cada um para analisar sua impostação, entonação, usando como material de análise a estrutura sonora para conseguir perceber que problemas de funcionamento físico estão produzindo determinados efeitos sonoros na hora da produção vocal, principalmente para a voz cantada. Isso tem funcionado muitíssimo bem, mesmo com certa dificuldade. Claro que leva um pouco mais de tempo, mas quando eles entendem que a voz é corporal antes de ser sonora, fica rápido e fácil  conduzi-los à uma experiência de produção vocal muito satisfatória.

Mas informações pelo whatsapp 031 97302-9172

terça-feira, 21 de março de 2017

ANÁLISE DA VOZ - Maiara e Maraisa (Medo Bobo)


Quero deixar claro, que também adoro essa música. Mas sempre me incomodo quando ela inicia, pois parece que a cantora está com dor de dente, ou então, com algum tipo de cólica abdominal. Porque ela canta quase que rangendo o dente, deve ser para poder dá mais volume à sua voz, mas que não acontece, pois sua voz perde o brilho e volume no grave, que é exatamente a região que ela inicia a música, e onde percebe-se claramente que Maiara ou Maraisa, não abrem a boca para cantar, e ficam com aquela vocais e articulação de quem chupou limão e não gostou.

Isso é tão irritante, que chego a ter dor nos dentes também. Esse vício de cantar rangendo os dentes parece ter se tornado comum entre os cantores, principalmente os sertanejos, antes só os homens, agora até as mulheres estão pegando e praticando esse erro de impostação e dicção, que acaba anazalando muito o som e roubando seu volume. Quando se vai para o som grave, a primeira coisa que se deve fazer, é levantar-se um pouco a cabeça, até aquela altura do olhar no horizonte. É preciso também se produzir mais energia e aumentar-se o fluxo de ar que passa pelas cordas vocais, aumentando-se também o nível de energia no músculo do diafragma.

Quando se quer produzir um grave com beleza e sonoridade, características exigidas para se produzir um bom som grave, é necessário produzi-lo com muito mais ar com que um agudo. Então, quanto mais volume se quer dar ao sons graves, é necessário produzi-lo com muito mais ar, e quanto mais grave, mais energia e ar devem ser produzidos. Pois, precisa-se de muito mais ar para se produzir um agudo do que para se produzir um grave. Isso, é o oposto do que fazem os cantores, que têm a mania de produzir sons agudos com muito ar, o que acaba forçando a musculatura da laringe, e esganiçando o som, e quando produzem um som grave, tendem a produzi-lo com pouco ar, o que faz com que as cordas vocais não vibrem tanto quando o fluxo de ar passa por elas.

Apesar do timbre vocal, não sei se da Maiara ou da Maraisa, ser bonito, pelo vício de articular e diccionar com a boca quase que fechada, ela acaba esganiçando o som das notas agudas, e tanto sua extensão para o agudo fica prejudicada, como também, seu conforto vocal, pois vendo alguns shows ao vivo, percebi que ela fica rouca com facilidade. Isso também acontece porque elas usam muito drive para cantar, o que quando bem usado, fica até bonito, mas no caso delas, é quase que a todo momento, o torna-se cansativo para os ouvidos e muito desgastante para as cordas vocais, provocando principalmente rouquidão.

Sua articulação é muito lenta, o que quando é necessário produzir uma nota aguda com som de vogal, ela nunca consegue abrir a nota afinada, e tem sempre a necessidade produzir um glissando  ascendente para conseguir chegar na nota, e também debilita os próximos sons a serem produzidos, o que é provocado pela má articulação, que por fim, debilita a dicção. Outro erro vocal que provoca isso é hiper contração nas mandíbulas, pois dificulta e diminui a velocidade da articulação (tamanho da forma (boca) que se usa e é necessário para uma boa produção dos fonemas.).

Sua articulação na região aguda é muito ruim, o que faz com que não consiga repetir as mesmas notas agudas durante muito tempo, mais que agora é moda no sertanejo, cantar frase rápidas e com muitas palavras, o que dificulta a afinação e a produção do texto, de forma que é sempre necessário eles pararem de cantar no meio das frases longas, e deixarem somente o público cantar suas músicas.  É claro e nítido o cansaço vocal dessa dupla. Mas parece que isso está acontecendo com todos os cantores de sertanejos, que se exaurem tentando cantar rápido e agudo, o que necessita de uma exagerada articulação e rápida, para que tanto os fonemas quanto as notas, sejam produzidas com qualidade beleza sonora.

Outra coisa que está errada, é fato dela produzir vogais de sons abertos com sons fechados, o que dá a impressão de que ela está cantando com um ovo quente na boca, pois suas vogais ficam com o som abafado e opaco, e em alguns, completamente incompreensíveis. Mas isso também é produzido pela má articulação, e um pouco por impostação e dicção erradas, e acaba dificultando a compreensão das palavras do texto.


sábado, 18 de março de 2017

ANÁLISE DA VOZ -Marília Mendonça (Sentimento Louco)


Sempre gostei do timbre de Marília Mendonça. Gostaria de estar analisando a música ( Infiel), mas devido minha tietagem por essa música especificamente, preferi esperar por uma outra, para que minha análise não fosse influenciada por meu emocional. Difícil de acontecer, mas sempre se tem uma primeira vez. Por isso, decidi analisar a música (Sentimento Louco).

 A primeira parte da estrofe, a parte que inicia a música, ela consegue produzir um som muito bonito, com uma sonoridade aveludada e com um certo drive, quase que natural, e que também se deve há uma certa soprosidade (excesso de ar no som, que soa como um chiado.), mas que também não apresenta nenhum perigo, quando se percebe e controla-se, o que é conseguido através de um trabalho minucioso da respiração controlada, a que é aprendida e treinada pelo corpo.

Mas quando ela desce para o grave, abaixa a cabeça, na tentativa de produzir mais volume em seu som mais grave, e isso faz que sua laringe contraia-se, e o som acaba ficando abafado e opaco, e perde quase oitenta por cento de seu brilho e sonoridade. Na realidade, ela deveria cantar o grave com o mesmo som vocal que inicia a estrofe da música. Esse é vício muito comum entre os cantores, abaixar a cabeça e contrair a glote e a laringe, o que provocará  sons graves sem volumes e fracos, e sons agudos estridentes e esganiçados.

Como ela tem os dentes superiores mais proeminentes que os inferiores, seu céu da boca, uma das melhores caixas de ressonância (processo de amplificação do som vocal através de ossos, cartilagens e cavidades cranianas), é completamente afunilado, o que a possibilita produzir sons agudos com beleza sonora magnífica, mas também a faz ter uma grande e excessiva ressonância de sua voz nos seios nasais, o que lhe dá uma grande nasalidade, principalmente nas regiões agudas de sua voz. O que na primeira vez que se ouve sua voz, soa interessante, mas depois que se ouve outras músicas, percebe-se que esse efeito em sua voz, repete-se a todo momento que ela tem que ir com a melodia para notas mais agudas.

Outro problema que essa nasalidade provoca, é o vício de se repetir a mesma melodia em todas as músicas, pois quando não se tem consciência da sensação física durante a produção sonora, a voz que se pensa ter, é só uma referência melódica e sonora de um som, que não é o som da realidade física do corpo, daí a repetição irritante de uma mesma melodia vocal em todas as músicas. Isso significa que a performance do cantor se torna pobre e repetitiva. Sua linha de canto (a melodia peculiar que um cantor executa em sua interpretação), fica presa à uma referência de melodia e sonoridade vocal, e quase nunca é a verdadeira voz do cantor.

A voz de Marília Mendonça também está com a sua extensão vocal (limite do alcance da voz para o grave e agudo), prejudicada. Pois sua voz não ultrapassa mais determinadas notas agudas, o que é provocado porque sua impostação da voz está soando muito nessas regiões de ressonância que produzem sons anasalados e limitam o alcance vocal, principalmente nas regiões agudas da voz, tornando-a esganiçada e estridente, som que não é nada agradável para os ouvidos.

Sua articulação lenta e retarda na produção dos fonemas também prejudica a produção dos sons das vogais, e torna sua voz cansativa, isso faz sua voz soar como se estivesse sempre atrasada em relação ao tempo da música e rouba beleza de sua voz ao longo de uma frase longa, e quando é preciso produzir sons longos e frases com menos sons,  acabam parecendo mais longos do que realmente deveriam ser. Essa dificuldade em sua articulação também é decorrente de um acúmulo de contração em sua mandíbula, o pode indicar um bruxismo ou uma pré disposição para tê-lo.

Tudo o foi analisado e diagnosticado pode ser facilmente corrigido com técnica Alexander e o Bel'Canto.




segunda-feira, 13 de março de 2017

''EU NÃO GOSTO DA MINHA VOZ''

''Eu não gosto da minha voz'' essa é uma frase que ouço muito, na realidade, a grande maioria das pessoas não gosta de sua voz, umas porque acham sua voz anasalada demais, outras porque acham sua voz estridente, outras porque acham sua voz fraca ou sem brilho, ou mesmo não gostam de  como ela soa. Essa sensação que resulta em um sentimento negativo em relação  à voz, é na realidade falsa, pois a maioria das pessoas não conhece sua voz e nem como ela é produzida pelo corpo.

A frustração com a própria voz, ou o desprezo pela mesma, decorre do vício errôneo de acharmos que ouvimos o som de nossa voz, o que não é verdade, pois tudo que achamos que conhecemos de nossa voz, é falso. Não existe possibilidade de um cantor ouvir seu próprio som, quem ouve o som produzido e emitido pelo corpo, é o ouvinte, que é para quem o som interessa, não quem está produzindo-o.

Somente a partir do momento que começa-se a desenvolver a percepção física do som vocal, acionando-se o lado analítico do cérebro, ou seja, o lado esquerdo para os destros, ou o lado direito para os canhotos, é que pode-se começar a ter compreensão da voz a partir das sensações corporais que têm durante a produção sonora da voz. Poucas pessoas conseguem gostar de sua voz, geralmente isso só acontece quando elas possuem uma musicalidade aguçada e uma nata capacidade de percepção do seu som vocal.

É mais comum ver-se mulheres que não gostam de suas vozes, do que homens. Percebi durante alguns anos de trabalho,  através das experiências que tive com alunos, que as mulheres são as que menos gostam de suas vozes porque tê uma maior percepção de sua nasalidade, principalmente, e estridência vocal. Isso, devido o alto nível de ressonância sonora que uma mulher produz nessas regiões de ressonância superiores, como o seio nasal e céu da boca, que é excessivamente grande, o que possibilita a produção de um som muito anasalado ou muito estridente, devido o alto nível de harmônicos brilhantes e metálicos que essas regiões propagam quando amplificam o som da voz.

Como mesmo sem ter nenhum conhecimento técnico de canto, a mulher consegue perceber e sentir, intuitivamente que sua voz não soa tão bonita ou tão agradável quanto gostaria que fosse, ela rejeita involuntariamente o som de sua voz. Geralmente, elas possuem pouca ou nenhuma ressonância toráxica, que é o que ameniza e embeleza o som da voz, e acabam por esganiçar cada som produzido pelas suas cordas vocais, a ponto de detestarem suas vozes. Muitas vezes, com apenas seis meses de treinamento, onde muda-se sua empostação vocal  das regiões de ressonância superiores, que são principalmente os ressonadores da cabeça, para o tórax, que aveluda-se e arredonda-se o som da voz. Então, como num milagre, elas passam a amar suas vozes.

Eu mesma tinha muita nasalidade vocal devido uma escoliose que comprimia minhas vértebras T3, T4 e T5, criando um acúmulo de contração muscular na região da nuca, e consequentemente, refletia profundamente sobre meu maxilar, dificultando minha articulação vocal, e roubava-me o conforto e beleza vocal, obrigando meu corpo a produzir o som vocal estridente e muito esganiçado, e depois de uma determinada região aguda de minha extensão vocal, um som completamente anasalado e irritante. Eu queria morrer quando tinha que produzir uma nota muito aguda, pois sabia que o som seria horrível.

Mas depois de alguns meses de trabalho corporal usando a técnica Alexander para melhorar meu estado físico, no caso minha postura, obtive uma resultado surpreendente, pois assim que meu corpo foi melhorando minha postura, minha voz também foi mudando e ficando mais bonita. Foi nesse momento que entendique para melhorar minha voz teria que melhorar primeiro meu corpo. Então, a partir desse momento comecei a trabalhar mais meu corpo, e imediatamente minha voz mudou completamente a qualidade e sua beleza.




Quem sou eu

Minha foto
A criação é possível através da imaginação, depois, tudo tornar-se energia e ciência.